Entrevista com César Moisés sobre o marketing da EBD


O Instituto Jetro entrevistou o escritor e pastor César Moisés Carvalho, autor do livro Marketing para a Escola Dominical publicado pela CPAD.

O pastor César Moisés é orientador escolar, administrador, escritor, pedagogo, articulista e conferencista. É professor da FAECAD - Faculdade Evangélica de Ciências e Tecnologia da CGADB — Convenção Geral das Assembléias de Deus no Brasil. Mantém um BLOG e interage com os leitores interessados em escola dominical, criacionismo, educação cristã, evolucionismo e apologética para a família.

Abaixo, acompanhe na íntegra a entrevista concedida ao Instituto Jetro.

IJ - Conte-nos um pouco da história do seu livro. O que o motivou a escrever?

César Moisés - Na realidade esta primeira questão está atrelada ao fato corriqueiro de pessoas se fecham em uma “torre de marfim”, compram uma dúzia de livros sobre determinado assunto e depois escrevem uma obra. Não, eu não sou meramente um teorista. A motivação para escrever o livro veio exatamente da minha prática e da constatação de que todos os programas da igreja possuem atenção, divulgação, organização, apoio e cooperação. Apesar de ser importante, a Escola Bíblica Dominical - EBD geralmente é vista apenas como mais uma atividade rotineira e sem expressão. Como já havia trabalhado em outras áreas, pensei em melhorar a freqüência da EBD. Foi aí que, ao analisar o problema, percebi que a falta de alunos (o que chamamos erroneamente de “evasão”), era simplesmente o efeito de uma causa: a falta de qualidade na EBD. Por isso, desenvolvi um sistema de trabalho de divulgação com campanhas de publicidade para o público interno e externo e qualificação total para a equipe da EBD, ou seja, recepcionista, diretoria musical, bibliotecário, tesoureiro etc.

Percebi também que era preciso melhorar a qualidade da aula, pois ela é o maior “serviço-produto” da EBD, e, acima de tudo, o professor é o principal responsável pela satisfação das necessidades discentes. Assim, paralelamente, criei um curso de formação e reciclagem para professores de EBD. Como o assunto virou notícia na mídia local e também na mídia evangélica nacional, acabei sendo chamado para falar e fazer parte no Fórum de Desenvolvimento do Sebrae e também em diversos eventos de Educação Cristã. Foi, só então, após um longo tempo de experiência e familiaridade com o assunto, que surgiu a necessidade de colocar no papel todas as idéias, pois a procura por palestras é grande e não era possível ir a tantos locais.

IJ - De que forma o senhor entende o marketing? Como o definiria?

César Moisés - Entendo o marketing, antes de tudo, como um sistema de gestão e gerenciamento — uma superestrutura, algo que orienta todo o curso do trabalho —, e não uma ação ou pequenas ações fortuitas e desconexas. Gosto também da clássica definição que reza que marketing é atender necessidades.

IJ - Para que a Escola Bíblica precisa dele?

César Moisés - Para reorientar o trabalho de sua equipe a fim de atrair, conquistar e manter sua clientela discente. A experiência tem provado que esse ato já garante uma freqüência exponencialmente maior do que quando se trabalha a esmo.

IJ - Poderia nos dar exemplos de que ferramentas são apresentadas no seu livro? Elas podem ser aplicadas em outros ministérios da igreja?

César Moisés - Através de vários diagramas e muitos outros recursos é possível auferir a situação da EBD local. Existe também o Ciclo Organizacional e Administrativo que a partir de quatro esferas de organização (administrativa, física, pedagógica e da equipe), torna a gestão da EBD mais realística. Estes mesmos instrumentos podem, tranqüilamente, ser usados como ferramentas em outras áreas ou ministérios. Mesmo porque, a tônica do livro gira em torno de uma tripla questão fundamental para qualquer organização: o conhecimento do perfil de quem estamos servindo, a excelência do trabalho que está se prestando e qual o papel individual e coletivo enquanto colaborador de uma equipe.

Chamo isso de política de qualidade. Vale destacar que não elaborei um trabalho com “fórmulas mágicas” ou de “receitas de bolos”. São princípios que se aplicam em qualquer esfera organizacional, sem, no entanto, deixar de conscientizar as pessoas de que é preciso levar em conta a questão do regionalismo. Vivemos em um país de proporções continentais e, mais do que nunca, precisamos levar a sério a célebre e mais importante pergunta do marketing: “Quem é o nosso cliente?” No caso da EBD precisamos saber quem é o nosso aluno.

IJ - Sabemos que o marketing, assim como outras disciplinas administrativas, é fonte de alguns receios por parte da liderança cristã. Que críticas, positivas ou negativas, o senhor tem recebido destes líderes?

César Moisés - Por incrível que pareça, até hoje não recebi nenhuma crítica negativa. Acredito que a razão disso deve-se unicamente ao fato de que, para os que conhecem sobre o assunto, a discussão sobre a utilização de seus princípios é ponto pacífico. Já aqueles que desconhecem o que é marketing (estes são a maioria, e geralmente confundem marketing com uma de suas dimensões que é a promoção), após a leitura, entenderam que, inconscientemente, vez por outra, já o fazem há anos! O livro mostrou que o marketing é bem mais proveitoso quando exercido de maneira planejada, intencional e inteligente. Na verdade, a obra corroborou com o que muitos imaginavam, e até serviu como respaldo e argumento para a implementação do marketing no ministério.

A aceitação tem sido tão boa que, no ano passado, a obra recebeu da Asec (Associação de Editores Cristãos) o Prêmio Areté na categoria Educação Cristã, o mais importante da literatura evangélica brasileira. Pela graça de Deus, ele também tem transposto as fronteiras. Recentemente falei sobre o assunto para um grupo de livreiros latino-americanos e eles classificaram o assunto e o livro como “desafiantes”.

IJ - O senhor já teve alguma experiência pessoal com Escola Bíblica Dominical?

César Moisés - Acredito que já contemplei esta questão na primeira pergunta, mas, acrescentaria que já servi a EBD em quase todas as suas instâncias. Penso que é justamente este o diferencial de meu livro: ele foi escrito por quem já foi aluno e sabe o que este espera do professor e da EBD, professor de adolescentes, jovens e adultos (sabe que há muito mais diferenças entre esses grupos do que unicamente a faixa etária), e, finalmente, fui superintendente por três vezes em duas realidades muito distintas, na capital e no interior.

IJ - Já recebeu algum relato de igrejas que tiveram bons resultados na aplicação das suas sugestões?

César Moisés - De norte a sul e de leste a oeste do país recebo depoimentos através de e-mails, telefonemas, e até pessoalmente. Isso de diversas denominações. Recentemente, ao participar de um evento em São Paulo, após minha primeira palestra, uma pessoa formada em publicidade veio falar comigo. Ela disse ter me ouvido em um Congresso Nacional de EBD, realizado no final do ano passado. Contou-me que resolveu implantar o método de gestão do livro e o resultado tem sido satisfatório. Muita gente amplia conceitos, modifica e adapta algumas idéias, e tem até pessoas que fizeram seus Trabalhos de Conclusão de Curso de Administração e Marketing a partir do livro.

Destas experiências surgem muitos novos insight e posturas que, sem sombra de dúvida, otimizam o trabalho. O livro foi o ponto de partida para a percepção de que as coisas podem e devem ser feitas de maneira diferente.

IJ - Se algum de nossos leitores quiser mais informações sobre marketing, que livros indicaria?

César Moisés - Além do meu (risos), indico para o contexto eclesiástico, O Marketing a Serviço da Igreja, de George Barna. No âmbito empresarial e das corporações, recomendo Marketing para o Século XXI de Philip Kotler.

Fonte: http://www.institutojetro.com/
Foto: CPAD

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